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A relação da nutrição e dieta com a prevenção do Alzheimer

Estudos mostram como a nossa alimentação no dia a dia pode influenciar na saúde cerebral


A relação entre alimentação e a prevenção do Alzheimer tem sido um tema de grande interesse na ciência, de acordo com o artigo “The impact of loneliness and social isolation on the development of cognitive decline and Alzheimer’s Disease” (O impacto da solidão e isolamento social no desenvolvimento de declínio cognitivo e doença do Alzheimer), publicado em 2023 pela revista “Science Direct”. A pesquisa destaca que uma nutrição adequada pode desempenhar um papel crucial na proteção do cérebro contra os processos degenerativos que caracterizam a doença. Entre os padrões alimentares destacados, as dietas mediterrânea e DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension ou “Métodos Alimentares para Prevenir Hipertensão”) são apontadas como particularmente eficazes na redução do risco de desenvolvimento de demências, incluindo o Alzheimer.

A dieta mediterrânea é rica em grãos, frutas, vegetais, legumes, ervas e azeite. Nela, as fontes de proteína são peixes ricos em ácidos graxos ômega-3, como salmão, sardinha e atum. Já alimentos ricos em gorduras, como a carne vermelha e a manteiga, devem ser evitados, porém outras proteínas animais magras, como frango ou peru, podem ser consumidas em menor escala. Não é recomendado o consumo de alimentos ultraprocessados e açúcares adicionados. Ovos e laticínios, como iogurte e queijo, também podem fazer parte da dieta mediterrânea, mas com moderação. O método alimentar DASH não é muito diferente, com baixo consumo de carne vermelha e alta em vegetais e grãos. Seu perfil nutricional é alto em potássio, magnésio, cálcio e fibras, enquanto sódio e gorduras têm níveis baixos. De acordo com o artigo “O efeito da nutrição no Alzheimer” (2023), pela revista “Frontiers in Neuroscience”, os dois planos alimentares possuem efeitos anti-inflamatórios, e são capazes de diminuir o estresse oxidativo, como um papel protetor contra a DA (doença do Alzheimer). O artigo também relata que pacientes com DA, tendem a ter concentrações de gorduras saturadas mais altas do que a população geral. 

“Não existe uma dieta em particular, regrada, com alimentos específicos para combater qualquer doença neurológica,” conta a nutricionista Bruna Tosin. “O ideal é ter refeições ricas em frutas, vegetais, grãos integrais, azeite de oliva e peixes, alimentos que ajudam a diminuir a inflamação e o estresse oxidativo no cérebro, e indicado a suplementação do ômega-3.”

Estudos realizados pela revista britânica BMC Medicine (2023), sugerem que seguir uma dieta mediterrânea pode reduzir o risco de Alzheimer em até 23%. A ação de antioxidantes presentes em alimentos como peixes ricos em ômega-3, azeite e vegetais de folhas verdes também é benéfica para a saúde cerebral, combatendo a formação de placas beta-amiloides, uma das principais características da doença.

Um gráfico comparativo entre a dieta mediterrânea e a ocidental, mais rica em gorduras saturadas e açúcares, demonstra uma associação entre padrões alimentares e incidência de demência. De acordo o artigo Alimentação Como Fator De Proteção Para Pacientes Com Alzheimer (2018), indivíduos que seguem uma dieta rica em componentes antioxidantes apresentam menor taxa de declínio cognitivo em comparação aos que seguem uma dieta ocidental. Isso sugere que a escolha dos alimentos impacta diretamente a saúde do cérebro a longo prazo.

Os ácidos graxos ômega-3, como o DHA (ácido docosa-hexaenoico) e o EPA (ácido eicosapentaenoico), presentes em peixes como salmão e sardinha, são conhecidos por suas propriedades neuroprotetoras. Estudos revisados no Frontiers in Nutrition revelam que uma ingestão regular desses nutrientes está associada à diminuição dos níveis de inflamação cerebral, assim como a falta deles pode diminuir a resistência de neurotoxinas comuns em pacientes de DA. A correção desta deficiência, até mesmo pelo uso de probióticos receitados por profissionais, pode trazer benefícios para o sistema cognitivo e a memória recente da pessoa diagnosticada.

“A manutenção de um microbioma saudável por meio de uma dieta rica em fibras e probióticos pode ajudar a reduzir o risco de Alzheimer, já que a saúde intestinal está diretamente ligada ao funcionamento do sistema nervoso central”, relata o médico Mauro Dal Lin, gastroenterologista. “Para manter a microbiota saudável, o principal é evitar alimentos ultraprocessados, como chocolates, refrigerantes, salgadinhos industrializados… ‘descasque mais e desembale menos’!”
Um estudo recente da Harvard Gazette demonstrou que uma abordagem holística que combina dieta saudável, exercícios e apoio social pode melhorar os biomarcadores relacionados ao Alzheimer em pacientes nos estágios iniciais da doença. Esse estudo destaca a importância de um plano de ação integrado, que não se limita apenas à dieta, mas que inclui o cuidado com o estilo de vida como um todo.

Bruna Tosin, formada em nutrição pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e especializada em qualidade de vida e longevidade, comenta que, além da dieta, o exercício físico e a manutenção da massa muscular, são fundamentais para prevenir o desenvolvimento da doença do Alzheimer. Segundo Tosin, a perda de massa muscular no processo de envelhecimento é ligada à maior chance de desenvolvimento de doenças neurodegenerativas. 

Apesar dos benefícios bem documentados de uma alimentação saudável, a implementação prática de dietas preventivas em larga escala enfrenta desafios. “As pessoas tentam impor uma dieta no seu dia a dia, como receita de bolo, que para todos vai dar o mesmo resultado.”, comenta a nutricionista. “Como eu disse, não temos uma dieta certa para todos os pacientes de Alzheimer, pois cada um tem sua individualidade. Geralmente, esse é o erro. Deve ser um planejamento alimentar que a pessoa consiga, principalmente, sustentar a longo prazo, para que os resultados sejam melhores e prolongados.”

Reportagem: Gabriela Portugal

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