Entenda a diferença entre lapsos de memória e doenças neurodegenerativas
Imagine que você está andando pela rua e encontra alguém conhecido. A pessoa se aproxima, cumprimenta você pelo nome, mas, embora saiba quem ela é, você não consegue lembrar o nome dela. Isso é normal?
O geriatra Carlos Sperandio explica que uma maneira de interpretar se o esquecimento vem de uma doença ou não é entender em conjunto com o paciente se esse esquecimento é recorrente e tem repercussão no dia a dia como esquecer desligar o fogão, ferro, ou buscar o filho na escola já é um sinal de alerta. “O esquecimento, dentro de certos limites, é natural e saudável – uma estratégia biológica que nos permite priorizar informações importantes e otimizar o uso da memória’’.
De acordo com a médica neurologista Aline Piva, esse tipo de esquecimento é comum e faz parte do funcionamento da memória, um processo que organiza as informações no cérebro “Não existe esquecimento normal, mas existe esquecimentos que não são caracterizados como síndromes demenciais, e sim um déficit cognitivo leve. São esquecimentos em que o paciente não perde funcionalidade
Como funciona o processo da memória?
A memória envolve três etapas principais:
Registro: a informação é captada e registrada no cérebro.
Armazenamento: a informação é consolidada e armazenada.
Evocação: a informação armazenada é recuperada quando necessário.
Quando há falhas no registro, a informação não é armazenada adequadamente, dificultando a evocação posterior. No caso da doença de Alzheimer, por exemplo, a área do cérebro responsável pelo registro de informações, o hipocampo, é prejudicada, o que impede o armazenamento eficaz.
Além disso, problemas na evocação podem estar associados a outras condições, como a depressão, o que pode dificultar a recuperação de informações mesmo que estejam armazenadas.
O que diferencia um esquecimento normal de um preocupante?
Segundo especialistas para que o esquecimento seja considerado normal, ele deve:
– Ser esporádico.
– Não interferir nas atividades do dia a dia.
– Não causar prejuízos significativos.
– Não chamar atenção de forma preocupante.
Já o esquecimento que pode indicar algo mais sério apresenta características como:
– Frequência aumentada.
– Interferência nas atividades cotidianas.
– Prejuízo nas funções diárias.
– Preocupação de familiares e amigos.
Outras causas para o esquecimento
Nem todo esquecimento indica Alzheimer. Outras causas incluem:
– Deficiência de vitamina B12.
– Hipotireoidismo.
– Problemas no fígado.
– Condições psiquiátricas, como ansiedade e depressão.
– Doenças vasculares.
Essas causas podem impactar a memória, mas cada uma requer diagnóstico e tratamento específicos para que o funcionamento cognitivo seja mantido em bom estado.
Reportagem: Giovanna Retcheski